terça-feira, 19 de março de 2013

Labirinto de sonhos



Acordei com ódio mortal correndo na veia, com desgosto amargo na boca e uma fumaça cheia de dúvidas habitava meu pulmão dificultando a entrada do oxigênio, um tremor conhecido me fez vacilar e novamente encostei a cabeça no travesseiro, momentaneamente ela pesou mil toneladas.
Suprimi o choro, abafei toda vontade de desabar e respirei fundo, era só mais uma das noites repletas de terror, uma peça de mau gosto que meu subconsciente prega todos os dias e eu não sei como reagir, como entender meus próprios pensamentos. Eles se entrecortam, embaralham, se fantasiam e fogem quando chego perto de desvendá-los, é como um labirinto móvel, levantando inconscientemente muralhas contra mim mesma.
Sempre ouvi que os medos se vão quando encarados frente a frente, mas ainda é certo pensar que eles irão embora quando virem àquela garota com milhares de cicatrizes feias?
Talvez o peso do passado seja demasiadamente grande, talvez eu ainda careça de alguma segurança, talvez seja necessária uma armadura para proteger tantas histórias que pulsam no corpo, uma proteção para aquilo que ainda atinge o âmago e vez ou outra arranha algumas partes expostas, talvez uma hora eu consiga colocar a cabeça no travesseiro sem sentir peso excessivo, talvez aquela garota com cicatrizes feias não seja tão frágil assim e só precise de uma noite tranquila de sono.