quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Longe do chão


São duas partes distintas, com gostos e pensamentos completamente diferentes residindo em mim. Um duelo constante, um briga de egos gigantes, um volume que impressiona de neurônios trabalhando incessantemente por noites a fio.
Uma parte é racional, pé no chão e sarcástica a outra é impulsiva, cabeça nas nuvens e sensível, sempre criando tumultos ficam ali medindo forças, travando dentes, fazendo queda de braço.
Na maioria das vezes eu dei razão para a parte racional, achava mais prático e firme decidir por algo que fora pensado no mínimo 100 vezes, mas agora eu não sei, a parte impulsiva anda tomando o corpo, agindo sem minha permissão e bloqueando a parte do pensar e repensar cada milímetro do que acontece.
Os resultados são no mínimo interessantes, no fim é sempre uma surpresa, assumo aqui todos os riscos e conseqüências, mas não é por nada não, tem sido maravilhoso tirar um pouquinho o pé do chão.

domingo, 23 de outubro de 2011

Momento coringa


Talvez eu seja apenas uma menina confusa com todas as cartas na mão.
Sempre briguei para jogar este jogo, acreditava que me sairia bem, sempre quis ter todas as cartas na manga, mas agora que as tenho não sinto a menor vontade de jogar.
As minhas expectativas e lágrimas já se foram, cada gota que caiu causou um maremoto, uma tempestade interna. Um mar de erros.
Agora com todos os coringas na minha mão eu sinto vontade de baixar a guarda, de sair da mesa, ir atrás do próximo por do sol. Talvez ali esteja meu paraíso, esteja a parte que me completa, estejam todos aqueles que deixaram este jogo enquanto eu estava distraída.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Deixa de ser boba


Cheguei em casa com a ponta dos dedos dormentes, o frio de hoje me fez congelar em poucos minutos, mas fiquei tão intrigada com meus próprios pensamentos que não percebi que estava batendo os dentes.
Um senhor me perguntou as horas e acabei assustando com sua proximidade, não tinha visto que ele estava sentado ao meu lado, percebi que minha mente entrava em questionamentos contraditórios e complexos, tentei me concentrar no livro que tinha em mãos, foi em vão.
Comecei a evitar com todas as forças o duelo que estava por vir, minha razão rasgando a mente, me repreendendo incessantemente, a curiosidade ansiosa que ignorava todo e qualquer bom senso.
Fechei os olhos e me deixei levar por tantos pensamentos confusos; a sensação gelada persistiu mesmo depois de um banho quente, mesmo depois de duas cobertas bem pesadas, só parou quando disse a mim mesma: Deixa de ser boba menina, vai dar tudo certo.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Recuperando algumas peças


Observei a chuva cair durante a tarde, caiu um céu de água e mesmo assim não lavou minha alma. É muita coisa para uma pessoa só, eu me divido tanto que no final acho que não sobra nada, fica apenas alguns fragmentos moídos e sem encaixe, no fim das contas não existe mais a minha pessoa, existem apenas pedaços.
Se eu pudesse fazer um desejo agora, seria paz de espírito. Pediria para que minha cabeça se acalmasse e que todos os meus pensamentos se calassem, queria um minuto de silêncio interno, apenas um tempo quieta, sem ter que preocupar ou dizer nada.
Eu espero que um dia eu consiga catar todas essas partes que eu deixo por aí, espero que este coração fique menos pesado, que alguém veja que é difícil tentar resolver tudo por uma promessa de futuro e ficar para trás.
Por isso eu quero um minuto de paz de espírito, para pegar fôlego e seguir em frente mais uma vez.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Vai ficar tudo bem


Dizem que só damos valor quando perdemos, mas eu acho injusto generalizar, eu mesma sei o exato valor de quem está na minha vida, sei o quanto iria doer perder estes que levo dentro do peito. Cada vez que revivo lembranças boas este valor aumenta, duplica, triplica, não sei colocar e números e estimativas, mas sei que é muito.
De todos que carrego, minha família é o que mais ocupa espaço e hoje ao saber que meu pai estava entrando em cirurgia eu perdi um pouco o ar, o chão, a fala.
Fiquei horas esperando notícias e tudo que eu conseguia pensar eram as coisas que tínhamos feito ao longo dos meus 20 anos e como era gostoso relembrar cada besteirinha.
Lembro de quando ganhei meu primeiro patins, foram tantos tombos, tanto merthiolate no joelho e sempre aquele afago na cabeça e logo em seguida ouvia: “vai lá, tenta de novo”
Quando saiamos para almoçar fora em família e eu podia escolher onde iríamos comer, era uma indecisão de meia hora, mas no final acabávamos no Mc Donalds com direito a sobremesa. Lembro de quando eu arrumei o primeiro namoradinho e a cara de horror do meu pai, ele falava que eu não estava em casa e fingia que não ouvia o telefone tocar.
As viagens para a casa da minha avó, sempre ouvindo músicas super antigas e eu tinha dó de quem atrapalhasse ou fizesse barulho, mas até hoje eu escuto as mesmas músicas quando quero ficar calma, aquela sensação de paz ainda não achei igual.
Quando fomos para a Bahia e caminhávamos na praia, brincando de catar conchinhas para fazer um quadro gigante de fotos, eu nem queria as conchas só queria caminhar sentindo a brisa do mar, conversando com meu pai.
Foi ele que me ensinou a andar de bicicleta, com toda a paciência do mundo empurrava minha bicicleta roxa por toda a pracinha e dizia que eu não precisava preocupar, ele estava ali para não me deixar cair. Quando percebi ele tinha soltado o banquinho e eu pedalava sozinha, só que o melhor do dia foi quando guardamos a bicicleta no carro e ele disse com um sorriso gigante que estava orgulhoso.
E é disso que eu me lembro quando penso no meu pai, esse apoio, esse amor, esse orgulho todo.

Ainda tenho aquela mesma visão de criança, vejo meu pai como o ser mais forte desse planeta, capaz de derrotar todos os monstros do escuro, machucados e dores de cotovelo. Pra quem já derrotou tudo isso, vai ser fácil sair dessa, eu sei que vai.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Indecisão

Tenho desde pequena a síndrome da indecisão, nunca conseguia escolher se queria pintar o céu de azul ou roxo, se queria um gato ou um cachorro, não sabia se queria trocar de colégio ou fazer o próximo ano ali mesmo. Isso acabou impregnado na minha personalidade e ao completar 16 anos eu não sabia se queria namorar ou curtir as festinhas dos amigos, se usaria um vestido ou uma calça jeans, tênis ou salto.
Hoje aos quase 21 permaneço com a mania de querer avaliar todas as opções possíveis, para medir qual o custo-benefício de cada escolha.
Por querer avaliar tudo tão minuciosamente abracei a indecisão, tornando-a um defeito que me incomoda muito. O problema é que eu penso demais, avalio demais, falo demais e acabo caindo naquele velho ditado “cão que ladra não morde”, por exagerar no medo na hora da escolha eu acabo perdendo a vontade de fazer muitas das coisas que queria, sendo assim um pouco de coragem cairia bem, uma leve pitada de impulsividade não faria mal.

De que adianta vislumbrar o paraíso se não consigo decidir que escada usar para chegar lá?