terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Daqui a sete anos


Ajusto a máquina do tempo cuidadosamente para daqui 7 anos, coloco seu nome no visor e espero uma foto de identificação aparecer na tela, enquanto espero que ela te localize coloco uma música calma para tocar.

A música tocou serenamente durante o percurso até o futuro, as cenas vistas de cima passam a sensação de amplitude, mas por alguns segundos eu não te vi, a luz branca que tomava a cena foi cedendo lugar a única coisa que se movia no quarto verde claro, era um menino de no máximo dois anos, loirinho e agitado.

Por volta das 6 da manhã você entrou no quarto, com os olhos quase fechados, segurando uma mamadeira no braço e a gravata que usaria no trabalho estava dependurada, o neném já ficava em pé no berço e você acabava se inflando de orgulho a cada sorriso que ele lhe direcionava.

Ás oito você já estava atrasado, mas a idéia de fazer companhia ao seu filho que imitava o barulho de um caminhão era bem mais tentadora do que ir trabalhar o dia todo, depois de vários minutos de relutância e afagos acabou se rendendo e colocando a gravata.

O dia passava rápido, entre um caso e outro você selecionava os próximos destinos para a viagem em família que estavam planejando, entre um destino e outro a foto da família que estava em sua mesa lhe dava mais animo para prosseguir com o dia atarefado.

Já passavam às 18h e o pessoal do escritório conversa animadamente enquanto combinam de tomar alguma coisa depois do expediente, mesmo querendo ir para casa resolveu fazer pelo menos um social.

O tempo voa e quando você chega em casa já passa das 23h, as luzes apagadas e o silêncio denunciam que pelo visto você perdeu a hora, o neném já devia estar dormindo há um bom tempo, fez então o mínimo de barulho possível para abrir a porta e guardar as chaves do carro, a gravata ainda atada incomodava.

Tirou os sapatos para que não fizessem nenhum barulho, mas antes que pudesse prever ela estava ali, na frente da escada usando sua camisa antiga de banda, com o cabelo longo amarrado em um rabo de cavalo e descalça, esfregava os olhos com sono, um pouco impaciente pela hora, mas com aquele sorriso lindo que só você conhece.


Pode ser bobo, pode ser água com açúcar, mas é que ser feliz me pareceu tão simples agora.