Ajusto a máquina do tempo cuidadosamente para daqui 7 anos, coloco seu nome no visor e espero uma foto de identificação aparecer na tela, enquanto espero que ela te localize coloco uma música calma para tocar.
A música tocou serenamente durante o percurso até o futuro, as cenas vistas de cima passam a sensação de amplitude, mas por alguns segundos eu não te vi, a luz branca que tomava a cena foi cedendo lugar a única coisa que se movia no quarto verde claro, era um menino de no máximo dois anos, loirinho e agitado.
Por volta das 6 da manhã você entrou no quarto, com os olhos quase fechados, segurando uma mamadeira no braço e a gravata que usaria no trabalho estava dependurada, o neném já ficava em pé no berço e você acabava se inflando de orgulho a cada sorriso que ele lhe direcionava.
Ás oito você já estava atrasado, mas a idéia de fazer companhia ao seu filho que imitava o barulho de um caminhão era bem mais tentadora do que ir trabalhar o dia todo, depois de vários minutos de relutância e afagos acabou se rendendo e colocando a gravata.
O dia passava rápido, entre um caso e outro você selecionava os próximos destinos para a viagem em família que estavam planejando, entre um destino e outro a foto da família que estava em sua mesa lhe dava mais animo para prosseguir com o dia atarefado.
Tirou os sapatos para que não fizessem nenhum barulho, mas antes que pudesse prever ela estava ali, na frente da escada usando sua camisa antiga de banda, com o cabelo longo amarrado em um rabo de cavalo e descalça, esfregava os olhos com sono, um pouco impaciente pela hora, mas com aquele sorriso lindo que só você conhece.
Pode ser bobo, pode ser água com açúcar, mas é que ser feliz me pareceu tão simples agora.