domingo, 25 de dezembro de 2011

Cerejas para o Natal







As luzinhas vão piscar a noite toda, ao som de umas de suas músicas eu vou sentar na varanda e olhar para a rua vazia, a hora dos presentes já passou faz tempo e quando deu meia noite eu quis te ligar, quis desejar tudo de melhor com uma cereja no topo.
No meio dos abraços aconchegantes da família eu quis sentir o seu abraço, quis sentir o seu perfume e entre sorrisos e piadas eu cheguei perto da sensação que tanto busco, aquela sensação de “estar em casa”.

A árvore de natal cantava uma musiquinha animada, coloquei a Rachel no colo e mostrei a coloração das bolinhas que só eu e ela vemos diferentes de todo mundo, foi aí que entendi, no meio da conversa alta, bolinhas e musicas natalinas, percebi que estava com um sorriso bobo.

Aquele sorriso bobo que você conhece, meio sem graça, que quase me faz fechar os olhos, aquele que aparece sempre que está por perto.
Então é isso, vou ali fora esperar meu celular voltar a funcionar e te ligar, para desejar aquele tudo de bom com uma cereja no topo.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Aquela porta







Um distúrbio do sono que não me deixa dormir, o grito que arranha a garganta é mudo.

É sempre assim, eu faço besteira, dobro ao meio, parto em mil, tem horas no dia que me sinto sobrecarregada, cheia de palavras que não saem. 

Uma enorme vontade de socar a parede, estilhaçar tudo, jogar o celular sem sinal na parede.

Me sinto trancada em um mundo cheio do meu autocontrole, sorrir cansa, pensar dói, porque tudo acaba me remetendo aos problemas que giram descontroladamente em minha mente, tudo parece tão exagerado, meus sentimentos em si são grandes demais.

Não cabe no peito e transborda, foge nos olhos, escapa pelos poros, exala a alma, assim ela fica exposta ali, mesmo que ninguém veja, mesmo que passe despercebido está ali.

Como se tivesse a espera de algo que atrapalhe essa lógica maluca de “não sentir sentindo”, como se faltasse um empurrãozinho para aquela porta iluminada.
É por isso que o sono não chega, por isso que a voz some, está tudo do outro lado da porta, mas tenho medo de atravessar, me dá a mão? 

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Presente de natal



Sensação de paz. É isso, depois de tanto tempo fora de casa eu já tinha me acostumado com o sentimento de mar em tormenta, um mar que quebrava todas as ondas de pensamentos conflituosos em todas as coisas novas que aconteciam comigo.
É estranho, mas hoje fui à igreja que tem quase na esquina da minha casa, sentei na escadaria e fiquei admirando a vista, está coberta de luzinhas, o vermelho e verde das luzes de natal se espalham cada vez mais pela cidade, queria que você também visse o que eu estava vendo.
Fiz uma retrospectiva do ano, sentada nas escadarias eu ri sozinha, acompanhada do meu fiel fone eu ouvi músicas que me fizeram sentir uma pontinha de dor por o ano estar acabando.
Neste natal eu queria pedir para que deixassem os presentes de lado, todos os meus desejos materiais podem esperar mais um pouco.
Então eu vou pedir baixinho, pedir que você continue aqui comigo, quero que essa sensação de paz se prolongue por muito tempo.


Eu já não acredito em papai Noel, mas acredito em nós dois.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Daqui a sete anos


Ajusto a máquina do tempo cuidadosamente para daqui 7 anos, coloco seu nome no visor e espero uma foto de identificação aparecer na tela, enquanto espero que ela te localize coloco uma música calma para tocar.

A música tocou serenamente durante o percurso até o futuro, as cenas vistas de cima passam a sensação de amplitude, mas por alguns segundos eu não te vi, a luz branca que tomava a cena foi cedendo lugar a única coisa que se movia no quarto verde claro, era um menino de no máximo dois anos, loirinho e agitado.

Por volta das 6 da manhã você entrou no quarto, com os olhos quase fechados, segurando uma mamadeira no braço e a gravata que usaria no trabalho estava dependurada, o neném já ficava em pé no berço e você acabava se inflando de orgulho a cada sorriso que ele lhe direcionava.

Ás oito você já estava atrasado, mas a idéia de fazer companhia ao seu filho que imitava o barulho de um caminhão era bem mais tentadora do que ir trabalhar o dia todo, depois de vários minutos de relutância e afagos acabou se rendendo e colocando a gravata.

O dia passava rápido, entre um caso e outro você selecionava os próximos destinos para a viagem em família que estavam planejando, entre um destino e outro a foto da família que estava em sua mesa lhe dava mais animo para prosseguir com o dia atarefado.

Já passavam às 18h e o pessoal do escritório conversa animadamente enquanto combinam de tomar alguma coisa depois do expediente, mesmo querendo ir para casa resolveu fazer pelo menos um social.

O tempo voa e quando você chega em casa já passa das 23h, as luzes apagadas e o silêncio denunciam que pelo visto você perdeu a hora, o neném já devia estar dormindo há um bom tempo, fez então o mínimo de barulho possível para abrir a porta e guardar as chaves do carro, a gravata ainda atada incomodava.

Tirou os sapatos para que não fizessem nenhum barulho, mas antes que pudesse prever ela estava ali, na frente da escada usando sua camisa antiga de banda, com o cabelo longo amarrado em um rabo de cavalo e descalça, esfregava os olhos com sono, um pouco impaciente pela hora, mas com aquele sorriso lindo que só você conhece.


Pode ser bobo, pode ser água com açúcar, mas é que ser feliz me pareceu tão simples agora.

sábado, 10 de dezembro de 2011

Vontades sóbrias




Vontade de colocar um vestido preto com uma sandália linda que vi na loja estes dias, chegar a um lugar com uma alta concentração de pessoas, onde haja músicas em volumes completamente insanos, luzes incessantes que consigam nublar a minha visão.

Dançar até não sentir meus pés, sentir o corpo se livrando de toda e qualquer preocupação com doses de tequila; sentir que o limão que queima a boca corta o gosto que se derrete pela garganta.

Quero uma pista de dança relativamente grande e só quero que esteja cheia, onde eu possa me deparar com sorrisos de quem está tirando o peso do ombro de um final de semestre, uma semana cansativa no trabalho, não importa, quero sorrisos.

Essa noite eu quero curtir tudo que tenho direito por ser uma boa garota, por fazer tudo de uma forma quase certa, meu celular vai ficar em casa no cantinho da cama junto com meus problemas, então prometo que nada vai chamar mais a minha atenção do que a gargalhada que você der, já que a noite não vai ter tanta graça se você não estiver por perto!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Escala de cores


Algumas cores vão destoando do seu rosto enquanto visualizo com calma algumas das nossas conversas, ao chegar ao preto e branco a sua voz some completamente e posso ver algumas cenas de diferentes ângulos.

Posso ver detalhes da sua camisa, marcas que têm no bolso da sua calça jeans, vejo a mania de mexer as mãos enquanto espreita o meu olhar, enquanto analisa por trás de um sorriso treinado para não demonstrar nada.

Todo o tempo pensei que havia algo errado com os outros, com as pessoas que estavam a minha volta, em defesa mantinha a minha pose de auto-suficiente, o meu jeito independente e um olhar crítico a qualquer palavra de carinho dirigida a minha pessoa, preferi um mundo em escalas de cinza.

Te encontrar foi algo tão inesperado que é difícil ser assim, é difícil negar um sorriso quando te vejo, difícil não te abraçar, difícil me manter assim, longe.
Você me encontrou quando me tornei confortavelmente entorpecida, me abriu os olhos e me mostrou como é estar realmente bem, como lidar com algumas cores.

Então eu digo que se ficar difícil, se o tempo correr rápido demais,se eu estiver cheia de coisas à fazer e você não tiver nenhum minuto livre, se eu estiver a quilômetros de distância, “se a internet não quiser mais conectar”, eu ainda vou lembrar de como foi bom você me achar e vai ficar tudo bem.