sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Um tanto quanto à deriva





Como no mar a tormenta começou no meio da noite e sem o menor aviso acabou causando alguns danos. Não importa o quão forte e completamente reforçado o barco seja, a cada onda que molhar o casco sentirei aquele arrepio já conhecido de um naufrago.
Com a mesma velocidade que o vento muda de direção passamos das mais calmas e simples situações as mais complexas e delicadas, posso dizer que comecei a pecar por dizer coisas sem pensar duas vezes ou sequer uma, algumas palavras parecem saltar da minha boca e quando volto a me concentrar posso pressentir uma tempestade chegando.
Talvez eu esteja mais sensível quando se trata de você, mas acabei percebendo que seus pensamentos transparentes e seus silêncios cheios de palavras são os fatores que me fazem sentir o quão delicada é a situação.
Por mais que a discussão me renda alguns arranhões, por mais que na hora eu ache que tem um buraco imenso e o barco vai afundar eu acabo me perdendo quando coloco tudo na balança. Ali o seu cheiro me lembra a sensação gostosa de colocar os pés na areia e sentir o vento forte que vem do mar, seu colo tem a mesma sensação do sol na pele gelada.
Eu acabo a noite me odiando e tentando entender o porque de ter um âncora tão forte que parece nem sentir as ondas quebrando, algumas horas eu penso que eu não tenho mais controle do leme e estou à deriva.
Não tenho muitas opções, por possuir uma paixão tão grande pelo mar hei de encontrar formas de superar as tormentas, mas fique a vontade para passar um pouco de protetor solar nas minhas costas.