Os dias andam escorrendo pelos meus dedos, passam tão rápido que minha visão fica um tanto quanto fora de foco, vejo algumas imagens tão borradas que não consigo definir o que são. Novembro já está na metade e eu ainda não decidi como será o meu fim de ano, sempre fico ansiosa por esta época, fico aguardando as luzinhas nas árvores e os enfeites pendurados por toda a cidade, é também a época que mais sinto falta da minha família, falta de colocar minha irmã de cavalinho e mostrar que ela pode colocar a estrela na ponta da árvore de natal.
Só que desta vez eu sinto tudo isso de uma forma diferente, vejo que prioridades e desejos estão em choque é como se eu quisesse sentir algo muito mais intenso e ao mesmo tempo decidisse que isso está fora de questão.
Nessas horas acabo ficando irritada comigo mesma, é sempre assim, eu sempre mostro o inverso do que eu preciso, como quando a minha visão tem que ficar mais clara possível ela turva, quando eu preciso de um abraço eu geralmente me fecho, com isso cansei de ficar mantendo o mundo atrás de uma barreira de sombras, manter uma fachada que afaste quem eu quero perto.
Então, se eu te mandar embora, se eu virar o rosto, se na última hora eu quiser jogar tudo pro ar, me abraça e não me solta, briga comigo, mas não me deixa ir embora.